Trinta e seis anos de idade separam Maria e Renata, mas a vida colocou as duas em um desafio comum: o enfrentamento de um câncer de mama. Maria Aneide Bertoldo Vestena, 78 anos, e Renata Donha Gomes de Andrade, 43 anos, descobriram a doença no ano passado e buscaram tratamento médico e apoio.
“Descobri um nódulo no seio em uma consulta de rotina com o ginecologista. Já perdi minha mãe para o câncer e, naquele momento, senti muito medo”, conta Renata. A irmã dela, Juliana, foi o porto seguro: “não aguentaria sem ela”.
Já Maria vinha monitorando a saúde há alguns anos, pois tinha predisposição genética. Porém, durante a pandemia, não fez as consultas rotineiras e, um dia, sentiu algo diferente na mama. “Conversei com as enfermeiras do Cuidar+, que eu já frequentava para outras especialidades, e ela me orientaram em todos os exames”, conta.
Depois dos exames, Maria descobriu que não havia metástase, que é quando o câncer sai de onde iniciou e vai para outro lugar do corpo. Fez sessões de radioterapia e, atualmente, toma remédio preventivo todo dia. “O apoio das minhas filhas e netos foi fundamental, assim como das profissionais de saúde”, diz.
A insistência dos profissionais foi o que ajudou a Renata a conseguir um diagnóstico correto.
“Fiz o exame de ultrassom, a biópsia e outros exames. Havia um nódulo de quatro centímetros que deu negativo. Mesmo assim, o mastologista indicou a cirurgia para retirá-lo. Depois, verificou que havia um nódulo de quatro milímetros que deu positivo”, lembra.
Renata fez sessões de radioterapia e atualmente faz acompanhamento médico a cada três meses. Ela também teve acompanhamento da equipe do Cuidar+, do Hospital Santa Rosa, que ofereceu suporte integral.
De acordo com o médico oncologista clínico do Hospital Santa Rosa, Eduardo Romero, o apoio de familiares e amigos é fundamental para o bom andamento do tratamento. “As pacientes estão em um momento de muita sensibilidade e insegurança. Estão pensando na saúde, algumas na questão financeira e, por isso tudo, é que o suporte é essencial”, diz.
O câncer de mama continua sendo o de maior incidência entre as mulheres no Brasil e em Mato Grosso, seguido pelo de colo de útero. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostram que, em 2020, foram 66.280 casos de câncer no Brasil, quase 30% da população feminina.
Em Mato Grosso, o Inca apontou 560 casos de câncer de mama e 200 casos de colo de útero – acima da tabela nacional, que tem este câncer como o terceiro com maior incidência.
“É importante alertar as mulheres que elas devem ir ao médico frequentemente para fazer seus exames de rotina e lembra-las que a mamografia deve ser iniciada a partir dos 40 anos. Os fatores genéticos e ambientais, como estilo de vida, são os fatores de risco mais importantes”, informa Romero.
O especialista explica que são sinais e sintomas de câncer de mama a nodulação endurecida na mama, pele avermelhada, retraída ou com aspecto de casca de laranja, retração do mamilo, nódulos na região axilar ou clavicular. Se identificar quaisquer destes sinais, a paciente deve procurar atendimento médico.
Como se cuidar e prevenir o câncer:
1) Manter peso corporal adequado (evitar sobrepeso e obesidade)
2) Praticar atividades físicas
3) Moderar o consumo de bebidas alcoólicas
4) Não fumar
5) Fazer exames de mamografia anualmente a partir dos 40 anos
Cuidar+: É o programa do Hospital Santa Rosa que dá assistência integral a pacientes idosos e também oncológicos. O serviço ocupa um andar em um edifício do bairro Santa Rosa, com diversos tipos de atendimento dedicados aos idosos. O foco é a prevenção e para isso existe uma equipe multidisciplinar com geriatras, dentistas, psicólogos e profissionais de outras especialidades. Ao chegar no Cuidar+, o paciente é acolhido por uma enfermeira “navegadora”, responsável pela integração de todas as informações sobre o paciente e encaminhamento a diferentes médicos.