Um círculo de pessoas está ao redor de um enfermo. Estamos em uma aldeia Nambiquara, em Comodoro (MT), em um ritual de cura tradicional. Os pajés invocam forças espirituais ancestrais, ao lado de familiares do doente, que entoam cantos pedindo por saúde.
A prática ainda faz parte do cotidiano na Terra Indígena Nambikwara, etnia que tem lutado pela manutenção de costumes e ritos sagrados como forma de preservar tanto a sua cultura como a sua identidade como nação indígena. “Nós, velhos, temos que transmitir conhecimentos para os mais novos”, ensina Mané Manduca, uma das lideranças locais.
Conscientes de seu papel na comunidade, os Nambiquara participaram ativamente nos últimos dois anos da elaboração de um Plano de Monitoramento Espiritual e Pajelança que começa a ser colocado em prática agora pelo grupo agropecuário Bom Futuro. A empresa construiu a PCH JUI-117, com 25 megawatts (MW), no município de Campos de Júlio (MT), sendo que nas ações do Plano Básico Ambiental Indígena do empreendimento a atenção especial é às demandas da etnia Nambiquara.
“É uma demonstração de respeito e valorização da nossa cultura. Tem que ter coração no projeto. Por isso, ninguém ficou fora das discussões”, explica Mané Manduca. Na prática, uma das ações de suporte que a empresa se comprometeu a fazer foi garantir insumos para realização das reuniões de pajelança, como alimentação e combustível para deslocamento.
Assim como os rituais de pajelança, a relação dos Nambiquara com locais considerados sagrados é importante na manutenção da identidade indígena. Em seus mitos de origem, o território é cercado por montanhas sagradas, onde vivem almas ancestrais e espíritos chamados “donos” da natureza, dos animais e plantas.
Um dos locais mais importantes para eles é a montanha da Pedra Preta. Segundo os mais antigos contam, a andorinha da mata “arrebentou a pedra” e desse impacto surgiu o povo que ali habita ainda hoje. Na montanha, estão também os espíritos dos antepassados, e a estrada que dá acesso à Pedra Preta será recuperada pela Bom Futuro para facilitar o deslocamento. Outras rotas, como o “caminho dos jaguares”, levam dois dias de caminhada até o destino final.
Além do apoio estrutural às práticas de proteção e combate a espíritos maléficos e às expedições aos locais sagrados, o plano desenvolvido pela PCH pretende fomentar a atividade agrícola tradicional dos Nambiquara. “Temos que transmitir a nossa alimentação tradicional das roças de mandioca, batata. Temos um mutirão para fazer as roças de toco – que vão substituir as roças que tiravam as árvores da floresta. O trator que a empresa doou vai ajudar porque não vamos mais depender de empréstimo da prefeitura ou de fazendeiros locais”, observa Milton Nambiquara, outra liderança local.
A Bom Futuro assumiu a obra da PCH JUI-117 em meados de 2018, quando as obras ainda estavam iniciando. Em julho de 2019, os indígenas aprovaram as ações propostas em uma reunião realizada na aldeia Barracão Queimado. Logo após, participaram de oficinas para que o detalhamento dos programas fosse feito de forma coletiva. Foram oito meses de estudo até a elaboração do Estudo de Componente Indígena, e 11 meses para a finalização do Plano Básico Ambiental (PBA) – aprovado em janeiro de 2021 pela Funai, autorizando o início das atividades.
“Cada grupo apresentou o que achava necessário para os programas, com participação e complementação dos demais participantes. A terra indígena conta com 800 indígenas distribuídos por 31 aldeias, que foram visitadas pela equipe técnica, sendo 197 famílias. Todos participaram ativamente do processo e o resultado é um estudo longo e bem detalhado”, informa Fernanda Tomasini, engenheira ambiental do Departamento de Energia da Bom Futuro.
Além do apoio e incentivo à pajelança e à manutenção da relação dos Nambiquara com seus locais sagrados, há outras iniciativas em curso. Em maio, foram entregues aos indígenas três veículos e um trator, para ajudar nas atividades rotineiras das aldeias, que três estudantes bolsistas vão receber também notebooks e impressoras multifuncionais. “Isso é fundamental para a nossa cultura. São cinco etnias que moram em nosso território e, antes, a história não era registrada, ficava na memória. Precisamos desse registro e de indígenas que tenham formação. Quem tem estudo tem tudo”, comenta Mané Manduca.
O programa de Fortalecimento Cultural prevê apoio às festas tradicionais, como a festa da Menina Moça, além do apoio para a confecção de artesanato. São, ao todo, sete programas voltados exclusivamente para o desenvolvimento e sustentabilidade da Terra Indígena. O Programa de Monitoramento Territorial prevê também a doação de barcos, curso de formação para carteira de Arrais, instalação de placas de sinalização na TI, além de reformas e instalação de novos postos de monitoramento.
Os Nambiquara vão receber assessoria contábil e apoio às associações indígenas já existentes. Serão formados 35 agentes miticoagroambientais, que serão multiplicadores de conhecimentos dentro da Terra Indígena e também instruídos sobre como adotar boas práticas agrícolas inovadoras que podem ser associadas à cultura Nambiquara. A Bom Futuro concederá também bolsas de estudo para ensino superior e estruturará expedições de monitoramento e vigilância terrestre e aquaviária, para guardar os limites da Terra Indígena.
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Com mais de 30 anos de atuação no Estado de Mato Grosso, a Bom Futuro desenvolve o planejamento estratégico das atividades na capital Cuiabá-MT, sede da empresa. As atividades são distribuídas em todo o estado, gerando desenvolvimento e inúmeras oportunidades para centenas de municípios.
A Bom Futuro é advinda da agricultura. A expertise na área, auxílio da tecnologia e respeito ao meio ambiente aliadas a persistência e muito trabalho, pautaram o crescimento da empresa em seus longos anos de atividade. Ações como essas, garantiram o destaque mundial em produtividade sustentável, possibilitando a atuação em sete áreas: agricultura, pecuária, piscicultura, sementes, energia, aeroportuário e imobiliário
A determinação e competência profissional de seus mais de sete mil colaboradores, norteados pela ideologia e a vertente empreendedora da empresa, possibilitaram a atuação da Bom Futuro em diversas áreas, mas todas com o mesmo propósito: ajudar a alimentar e vestir o mundo!