A Bom Futuro produz seus próprios insumos biológicos e os utiliza em suas fazendas nas áreas de agricultura em Mato Grosso. A biofábrica Bom Futuro está localizada na fazenda Fartura, em Campo Verde, e tem capacidade de produção de 800 mil litros de bioinsumos, atualmente fabricando 280 mil litros por safra, entre nematicidas, bioinseticidas, bioestimuladores e ativadores de solo.
Além de bioinsumos de produção própria, a empresa também utiliza produtos comprados de terceiros para atender a demanda de parte da área cultivada com soja, milho e algodão.
A constatação de uma área muito fértil, mas improdutiva para o algodão por causa da infestação de nematóides fez com que os técnicos buscassem um produto biológico para o solo. “O tratamento é feito por muitos anos, não é do dia para a noite com rotação de cultura, é com aplicação de produto biológico”, explica Olimar Antônio Gottems, gerente regional de Operações de Campo Verde.
“A redução do defensivo químico nas lavouras é uma consequência do manejo, não um objetivo. Com a produção de biológicos, são atendidos três pilares: vamos produzir alimentos mais saudáveis, há a diminuição de ocorrência de pragas e doenças nas lavouras dando equilíbrio e sustentação ao sistema de produção” explica Nahzir Okde Jr., gerente administrativo de parcerias agrícolas da Bom Futuro.
De acordo com Sávio dos Santos Lopes, gerente de produção responsável pela biofábrica, o biológico é uma ferramenta de manejo que veio para agregar. “Sem dúvida, os biológicos têm contribuído para o incremento de produtividade e sustentabilidade da produção agrícola”, afirma.
Não é possível pensar na produção agrícola sem pensar em sustentabilidade ambiental. “Há muitos avanços e investimentos em pesquisas e práticas relacionadas à agricultura regenerativa, por meio de bioinsumos, voltados ao uso racional e à redução do uso de defensivos químicos. O uso de biológicos tem sido uma grande ferramenta de integração no manejo e controle de pragas e doenças na agricultura brasileira”, afirma Elaine Lourenço, gerente ambiental da Bom Futuro.
A fabricação própria de bioinsumos gera economia significativa nas aplicações de inseticidas para controle de mosca branca, cigarrinha do milho e cigarrinha da pastagem. “Não vejo a agricultura só com biológico, por enquanto, ainda precisamos do químico. Mas unindo os dois dá pra economizar e preservar mais o solo”, afirma o gerente Olimar.
Porém, os benefícios para a empresa vão além dos financeiros. “Estamos falando de um leque abrangente de microrganismos benéficos à agricultura e que, consequentemente, trarão estabilidade ao solo, regeneração, repovoamento de biota. Isso é difícil de valorar, mas é palpável de forma muito positiva com o aumento de produtividade”, afirma Nahzir Okde Jr.
A biofábrica da Bom Futuro começou a ser construída em 2019 com o objetivo de encontrar meios viáveis economicamente e sustentáveis para a produção agrícola da empresa. Com toda a documentação em órgãos competentes aprovada, a empresa iniciou a utilização em fazendas de Campo Verde.
Atualmente, todas as unidades da Bom Futuro utilizam bioinsumos, mas a grande abrangência está nas fazendas da região de Campo Verde porque a legislação permite a modalidade “on farm”, ou seja, para ser utilizado na fazenda onde é produzido. Nas demais fazendas, é utilizado o bacillus thurigiensis, já registrado para todo o estado, e biológicos terceirizados.
A empresa fez aquisições de microrganismos dentro das coleções públicas, como bacillus thurigiensis, beauveria bassiana, metarhizium e trichoderma. “A Bom Futuro começou a formular e registrar produtos com esses microrganismos, recolhendo taxa tecnológica sobre patente e tudo o mais que é exigido pela legislação”, explica Nahzir Okde Junior.
Aguarda homologação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) o produto da beauveria bassiana, e, na última semana, foram registrados protocolos de mais dois produtos: metarhizium Bom Futuro e Bovi-meta Bom Futuro, mistura de metarhizium e beauveria bassiana.
Há ainda a busca por parcerias para acesso a microrganismos privados, como com a Agrivalle e Instituto Mato-grossense de Algodão (IMA) na transferência de tecnologia, estudo e pesquisas referente aos insumos biológicos.
Com o crescimento da demanda, houve necessidade de melhorar as equipes. “Tivemos um incremento no corpo técnico, com especialistas como biólogos, engenheiros químicos, engenheiros agrônomos”, conta Sávio dos Santos Lopes, engenheiro agrônomo e gerente da Bom Futuro.
As ações da empresa mostram que as práticas agrícolas são sustentáveis. “Não é possível pensar na produção agrícola sem cuidar do solo, da água e da biodiversidade, que são requisitos fundamentais para um excelente desempenho na produção de alimentos”, afirma Elaine Lourenço, gerente ambiental da Bom Futuro.