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Dialog

Combater a obesidade é prevenir o câncer

Se fosse possível sintetizar todas as recomendações médicas para prevenção ao câncer, o combate à obesidade seria uma das principais recomendações atualmente. O alerta é feito por Dr. Eduardo Romero, oncologista clínico de Cuiabá e especializado em Dor.

Trabalhando diariamente com diferentes tipos de câncer entre adultos, Romero coordena o serviço de Oncologia do Hospital Santa Rosa há um ano. “E, infelizmente, na maioria dos casos o sobrepeso ou o sedentarismo estão presentes”, atesta.

Dialog - Dr. Eduardo Romero medico oncologista

Eduardo Romero, oncologista clínico e coordenador de Oncologia do Hospital Santa Rosa

A obesidade e suas implicações estão na origem de pelo menos 13 tipos diferentes de câncer: são os tumores de esôfago, estômago, pâncreas, vesícula biliar, fígado, intestino, rins, mama, ovário, endométrio, meningioma, tireoide e mieloma múltiplo.

A lógica é simples. Para manter-se “em funcionamento”, uma pessoa com mais gordura corporal do que o necessário demanda mais do organismo. Esse trabalho “extra” pode resultar em um processo inflamatório persistente que, por sua vez, aumenta as chances de uma reprodução ‘anormal’ de células – ponto de partida para o surgimento de tumores.

Outro inconveniente do excesso de gordura corporal é a produção exagerada de hormônios e de outras substâncias químicas que, em grande volume, podem abrir a porta para a chegada da doença no nosso organismo.

O lado positivo do alerta é que lutar contra a obesidade é possível com a mudança de hábitos – mas contra a genética, não. “Os riscos causados pelo nosso estilo de vida, que chamamos de fatores ambientais, podem ser reduzidos a partir do nosso comportamento. Já os fatores ligados à nossa genética e idade não temos como mudar ou prevenir”, pontua o oncologista.

Enquanto aspectos genéticos influenciam de 5% a 30% na ocorrência de câncer, complicadores como obesidade, sedentarismo, tabagismo e outros fatores de risco podem chegar a 90% em determinados tipos da doença.

A recomendação todo mundo conhece: ter uma alimentação balanceada, fazer atividade física regular e tem um estilo de vida mais saudável possível. O que pode ser bem desafiador – mudar hábitos muito enraizados requer uma boa dose de persistência, foco e força de vontade.

Crescimento. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a cada dois anos o número de doentes com câncer no Brasil aumenta. Essa ampliação tem ocorrido de forma geral, em todos os tipos de câncer. Um detalhe preocupante é a incidência crescente da doença entre a população jovem.

De 2010 para 2020, o número de pessoas com câncer diagnosticado no Brasil passou de 489.270 para 625 mil casos – um aumento de 27,6%, aponta o Inca. Já com relação às mortes, a evolução foi de 28,1%, pois em 2010 foram registradas 176.228 mortes e o número passou para 225.839 óbitos em 2020.

Tratamento. A obesidade gera outra dificuldade quando o assunto é câncer. “Quem tem uma boa proporção de massa muscular em sua composição corporal tolera mais o tratamento”, explica Romero.

Em alerta com o que vem sendo identificado como uma endemia de obesidade, o médico afirma que pacientes com gordura corporal muito alta têm mais dificuldade no tratamento. “São muitos os casos de obesidade sarcopênica, que é quando a pessoa está acima do peso e possui baixa massa muscular. Essa fragilidade muscular significa um baixo desempenho físico, ou seja: o organismo precisará se esforçar muito para tolerar o tratamento do câncer”, observa.

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