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Diagnóstico precoce de câncer infantojuvenil aumenta em 64% chances de cura de pacientes

Em uma sexta-feira à tarde, no período de duas horas, a vida do pequeno Gabriel, de 3 anos e da mãe, Débora Cristina Siqueira, e de toda a família mudou radicalmente. Foi quando receberam o exame laboratorial que apontava células cancerígenas no sangue do Gabriel e foram orientados pela pediatra em Alta Floresta (MT) a procurarem ajuda especializada com urgência.

Débora conta que a observação cuidadosa do filho fez com que percebesse que algo estava errado. “Em uma semana, ele sentiu dor de barriga, machucou a perna e manchas roxas começaram a aparecer pelo corpo. Sabia que isso não era normal e levei o Gabriel para fazer um hemograma em um laboratório da cidade”, conta a fotógrafa.

Ela e o marido cancelaram os compromissos de trabalho e buscaram atendimento no Hospital de Câncer de Mato Grosso (HCanMT), em Cuiabá. No domingo, já estavam instalados na capital mato-grossense na casa de amigos e Gabriel começou o tratamento na segunda-feira.

“Ele não tinha sintoma nenhum, mas meu coração dizia que algo não estava certo”, lembra. O médico oncologista pediátrico Renato Melaragno, do Hospital Santa Marcelina, em São Paulo, e membro da Comissão Médica do Instituto Ronald McDonald (IRM) diz para seus alunos: ouçam as mães, elas conhecem seus filhos.

Dr. Renato comandou uma capacitação sobre prevenção de câncer infantojuvenil em Cuiabá, nos dias 30 e 31 de maio, promovido pelo IRM em parceria com a Bom Futuro e o HCanMT. Segundo ele, o objetivo é informar sobre os sinais e sintomas para os profissionais da ponta, nas unidades básicas de saúde.

“É para que o profissional tenha uma noção de que a criança pode ter câncer, um sinal que sugira câncer para que procure precocemente atendimento em centro especializado. Não é ideia de ele fazer o diagnóstico, mas de pensar na possiblidade e seguir um fluxo para que essas crianças cheguem em tempo hábil para confirmar o diagnóstico ou, se for outra doença, procurar tratamento”, explica.

No Brasil, ainda há muita dificuldade de fazer diagnóstico de câncer infantojuvenil. “O paciente ainda chega bastante atrasado por falta de informação do profissional de saúde e por dificuldade de encaminhamento. Tudo é muito burocrático e cheio de gargalos”, conta dr. Melaragno.

O câncer pediátrico é a primeira causa de morte em crianças acima de um ano no Brasil e, segundo o médico oncologista, a formação em oncologia pediátrica nas faculdades é ruim. “Os médicos se formam tendo duas ou três horas durante os seis anos de faculdade sobre este tema”.

Para o estudante do 11º período de medicina, Lucca Trentin, é importante participar de capacitações como estas oferecidas em Cuiabá. “Diagnósticos precoces salvam vidas, mas especialmente em casos de neoplasia”, afirma.

O câncer pediátrico é mais curável do que o câncer adulto, mas não pode ser prevenido, sendo o diagnóstico precoce a chance de cura. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), em países de primeiro mundo as chances de cura chegam a 80%, no Brasil, estão em torno de 64%.

Para o diretor Administrativo e Serviços Compartilhados da Bom Futuro, Leonardo Rossato, o incentivo a capacitações deste tipo é parte da atuação da empresa. “A Bom Futuro se preocupa com pessoas. Para nós, se ajudarmos a salvar uma única vida já terá válido todo o investimento”.

O Hospital de Câncer de Mato Grosso é referência para o tratamento da doença e tem estrutura adequada para a demanda do estado. “A grande questão é que o paciente não chega porque não tem o diagnóstico precoce. Essa capacitação, com a parceria do hospital, mostra que somos parceiros e fazemos um bom trabalho, agora é disseminar a informação para que mais pessoas que têm a doença consigam chegar a nós, serem tratadas e curadas”, afirma Haracelli Leite, diretora do Núcleo de Integração de Ensino, Pesquisa e Saúde (NIEPS).

As capacitações do Programa Diagnóstico Precoce do Câncer Infantojuvenil foram presenciais e reuniram estudantes dos últimos períodos de medicina e enfermagem da UNIVAG – Centro Universitário de Várzea Grande, e contaram também com a presença de profissionais da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES-MT) e Hospital de Câncer de Mato Grosso (HCanMT).

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