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Mesmo com mais acesso à informação e tratamento gratuito, HIV/Aids ainda é tabu

Durante duas décadas, pelo menos, nos anos de 1980 e 1990, falar em HIV/Aids era um tabu. Invariavelmente, quem adquirisse o vírus aguardava seu fim, por vezes, completamente só. Mas com o avanço da ciência, os portadores do vírus HIV podem ter uma vida normal se fizerem os tratamentos adequados disponibilizados, inclusive, pelo sistema público de saúde.

Aids é a sigla, em inglês, para síndrome da imunodeficiência adquirida, doença sexualmente transmissível que foi descoberta em 1981 e prevalece até os dias atuais, e é transmitida pelo vírus HIV. Em Mato Grosso, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde, foram confirmados 630 novas infecções em 2021, ou seja, mais de 60 infecções detectadas por mês.

“Apesar da difusão da informação, a Aids ainda é uma doença envolta em muito preconceito e exclusão. Hoje há acesso fácil e rápido a informações, mas o preconceito não diminuiu na mesma velocidade que o acesso à informação cresceu”, afirma Willian Benedito de Proença Junior, médico infectologista no Hospital Santa Rosa.

A psicóloga clínica Marielza Pereira conta que receber a notícia de que é soropositivo gera ansiedade nos pacientes. “É difícil para estes pacientes revelarem o diagnóstico a familiares e colegas, o que é compreensível. Porém, sempre orientamos que é preciso falar para o companheiro ou companheira, pois inevitavelmente haverá mudança de hábitos”, diz.

O HIV pode ser transmitido por relações sexuais sem uso de preservativo, transfusão de hemoderivados (hoje em dia quase inexistente devido às barreiras de controle para hemotransfusão), transmissão vertical (quando a mãe passa para o bebê via placentária ou no trabalho de parto ou amamentação) e, ainda, pelo compartilhamento de seringas e agulhas.

“Estar doente é muito difícil, ainda mais quando é algo não aceito socialmente. Por isso, é importante acompanhamento psicológico para trabalhar a aceitação, procurar os serviços de apoio e também as pessoas de quem se gosta”, orienta a psicóloga Marielza Pereira.

Para o médico Willian Benedito, a informação é fundamental e campanhas devem ser feitas constantemente. “As campanhas educativas precisam ser realizadas com o objetivo de fortalecer o combate à transmissão e também o acesso ao tratamento adequado”, afirma.

No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, são cerca de 920 mil pessoas que vivem com HIV. Deste total, 89% foram diagnosticados, 77% fazem tratamento com antirretroviral e 94% das pessoas que fazem o tratamento já não transmitem o vírus por terem atingido carga viral indetectável. Ou seja, há como ter uma vida ativa e feliz. Porém, a HIV/Aids ainda existe e é preciso tomar todos os cuidados para evitar a transmissão.

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