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Chegada de cirurgia robótica muda rotina de médicos e pacientes

A chegada do robô Da Vinci X ao Hospital Santa Rosa (HSR), em Cuiabá, Mato Grosso, transformou a rotina médica na capital. A principal diferença é que a nova tecnologia permite um ganho significativo na qualidade de vida dos pacientes no pós-cirúrgico. Além disso, a necessidade de se operar em outro estado foi superada, e a cidade se tornou polo de formação de novos profissionais habilitados para operar com o robô.

O urologista Jaime Comar Filho é um dos médicos que mais tem utilizado o centro de cirurgia robótica do HSR. Nos últimos três anos, Jaime já vinha realizando operações fora de Mato Grosso. Em um único mês, chegou a fazer oito cirurgias para atender pacientes que precisavam do procedimento robótico. Embora já fosse certificado e habilitado para operar com o equipamento, o cirurgião precisava utilizar hospitais em outros estados devido à inexistência da tecnologia em Mato Grosso. “Agora, essas dificuldades logísticas foram superadas”, afirma.

Dialog - Jaime Comar Filho

Jaime Comar Filho, urologista

Normalmente, ao fazer uma cirurgia robótica em outro estado, o paciente levava cinco dias, em média, com o procedimento – incluindo deslocamento, as horas de observação e o período de alta médica. “Hoje, o paciente é internado no Hospital Santa Rosa com duas horas de antecedência à cirurgia e, no dia seguinte, na maioria das vezes, ele já recebe alta para voltar para casa”, compara Jaime.

Quando a comparação é com a cirurgia não robótica, a economia de tempo é ainda maior. Um procedimento “aberto” na especialidade urológica, por exemplo, costuma exigir até cinco dias de internação até a alta, contra as 24 horas usuais da cirurgia feita com o robô.

Há ganhos emocionais também, pontua Felipe Bouret, cirurgião urológico já frequente no uso do Da Vinci X. “O paciente pode ficar perto de seus familiares e também do seu médico de confiança. Isso tudo contribui para uma recuperação mais efetiva”, observa Bouret, que participou da primeira cirurgia robótica realizada no HSR.

Dialog - Bouret

Felipe Bouret, urologista, e equipe

Outro diferencial positivo da chegada do robô em Mato Grosso tem cunho social: mais pessoas agora têm acesso a procedimentos menos invasivos e mais seguros. “A tecnologia fica disponível não apenas para Mato Grosso, que ainda não dispunha do equipamento, mas também para outros estados do Centro-Oeste e do Norte do Brasil”, pondera Jaime.

Levantamento recente feito junto aos fabricantes dos robôs cirúrgicos indicava que, dos mais de cem equipamentos em funcionamento no Brasil, somente um estava na região Norte. Além disso, atualmente 11 estados brasileiros não têm a tecnologia.

A possibilidade de qualificação de novos cirurgiões para o uso do robô também é uma vantagem identificada pelos médicos. “Agora, é totalmente possível fazer a capacitação de profissionais aqui no nosso Estado, porque o Hospital Santa Rosa investiu em um centro de treinamento”, observou Bouret.

Atualmente, mais de 50 médicos de diversas especialidades estão em processo de treinamento em busca da certificação para a prática da cirurgia robótica. “Também sou parceiro do HSR no treinamento de outros cirurgiões porque queremos difundir a técnica para que cada vez mais pacientes possam ser atendidos”, afirmou Jaime.

O médico, que auxilia na formação de novos cirurgiões, foi pioneiro em cirurgia robótica em Mato Grosso, ainda em 2021. Habilitado e certificado pela própria fabricante do Da Vinci X, a Intuitive Surgical e pela Sociedade Brasileira de Urologia, Comar também foi o primeiro a realizar uma prostatectomia radical robótica no Estado.

Além da urologia, o Da Vinci X do Hospital Santa Rosa tem sido empregado para procedimentos de cirurgia geral, ginecologia e cirurgia torácica.

Diretor geral do Hospital Santa Rosa, Cervantes Caporossi enumera as vantagens no uso do robô. “O equipamento permite um desempenho muito efetivo, o que significa cortes menores, sangramento reduzido e menor risco de dor após a cirurgia. Isso tudo permite uma recuperação muito mais rápida para o paciente”, comenta.

 

DA VINCI X — Batizado de Da Vinci, o robô disponível no Hospital Santa Rosa é fabricado pela Intuitive Surgical, que atualmente contabiliza 103 sistemas de cirurgia robótica em operação no Brasil, distribuídos por 92 hospitais credenciados. Em média, uma cirurgia com o robô reúne na sala cirúrgica seis profissionais de saúde além do cirurgião responsável pela operação. Todos eles precisam passar por treinamento teórico e prático para fazerem parte do procedimento.

O uso de robô para cirurgias médicas começou a ser feito no Brasil há 15 anos. Estimativas de mercado apontam para mais de 105 mil operações realizadas desde então em todo o País, considerando todas as especialidades médicas.

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